Da Fragmentação à complexidade: os saberes tradicionais amazônicos e a relação ser humano - Natureza na Amazônia sob uma compreensão em Edgar Morin

Autores

  • Michel Albuquerque Maciel Universidade do Estado do Amazonas

DOI:

https://doi.org/10.5281/zenodo.7851287

Palavras-chave:

Amazônia, Epistemologias, Complexidade, Povos tradicionais

Resumo

O presente artigo objetiva compreender a fragmentação das ciências e dos saberes tradicionais, assim como da relação do ser humano com a natureza, apontando uma perspectiva de complexidade, em busca de oferecer um diálogo que possa adentrar nas discussões acerca das problemáticas sociais e ambientais da região Amazônica. O método utilizado nesta pesquisa qualitativa, foi o Dialético–Hermenêutico com procedimentos próprios da pesquisa bibliográfica. A modernidade trouxe uma concepção de mundo a partir da separação entre o sujeito e o objeto, que contribui para a fragmentação das ciências e das relações humanas. O modelo colonial fragmentador de exploração massiva da região amazônica se difere completamente da perspectiva dos saberes amazônicos de integralidade com a natureza. Esses conhecimentos demonstram que é possível uma percepção da realidade com aspectos de complementaridade, fazendo frente ou complementando as ciências especializadas. A relação humana com o ambiente tem relação com sua exclusiva capacidade de adaptação biológica e cultural frente ao contexto ambiental, e a constante fragmentação de tal relação tem por base uma mudança epistemológica, passando a conceber a realidade natural sob um viés instrumental e utilitarista. A questão da fragmentação das ciências é uma compreensão fundamental para Edgar Morin, que será o autor principal a ser trabalhado neste artigo. Para ele, tal estado deseduca o ser humano a se questionar sobre sua existência, propondo a complexidade como uma forma mais abrangente de conhecimento, que possui raízes na re-articulação da esfera antropossocial com as demais ciências. Os projetos pensados para a Amazônia devem saber conciliar o conhecimento científico com os conhecimentos dos povos desta região de uma forma construtiva e reflexiva, superando a visão tecno-utilitarista e salvaguardando as particularidades das culturas e da biodiversidade amazônica.

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Publicado

04-08-2022

Como Citar

ALBUQUERQUE MACIEL, M. Da Fragmentação à complexidade: os saberes tradicionais amazônicos e a relação ser humano - Natureza na Amazônia sob uma compreensão em Edgar Morin. Revista Epistemologia, [S. l.], v. 3, n. 3, 2022. DOI: 10.5281/zenodo.7851287. Disponível em: https://epistemologia.com.br/academico/index.php/epistemologia/article/view/1. Acesso em: 19 abr. 2024.